Friboi, A carne confiável não tinha nome ? Agora não tem mais; Operação ¨ Carne Fraca ¨ coloca em xeque a qualidade dos produtos JBS Friboi, BRF e outros


  O ator Tony Ramos mostrando, onde fica o frigorífico onde misturam as carnes do boi, e de frango com papelão. E as carnes vencidas na base de produtos químicos. 

A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, não só apontou para a existência de um suposto esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, como colocou em dúvida a qualidade dos produtos vendidos por duas gigantes brasileiras do setor de carnes: JBS, dona das marcas Friboi Seara e Big Frango, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão. A notícia de que as empresas pagavam propina para vender carnes vencidas ou adulteradas com produtos químicos —o que tanto a JBS quanto a BRF negaram— fez com que as ações dos frigoríficos despencassem mais de 8% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) até o início da tarde sexta-feira. Além das duas gigantes do setor, outras 29 companhias também são alvo da operação.
       Sede da BRF, na cidade de Chapecó / SC
Tão logo foi noticiado, o suposto esquema de corrupção para vender carnes podres também despertou a desconfiança dos consumidores: sobrou até para o ator Tony Ramos, garoto-propaganda da Friboi, que tornou-se alvo de memes nas redes sociais e se disse "surpreso" com o esquema, em entrevista ao site Ego, da Globo —vegetarianos estão sendo felicitados por não comerem carne e, assim, estarem imunes ao esquema de fraude.  Parte dos alimentos adulterados teriam sido fornecidos para alunos da rede pública do Paraná. A investigação também revelou a reembalo de produtos vencidos.
Responsável pela marca Friboi, a JBS, da holding J&F, é um império do setor de carnes fundada há 54 anos, com 200.000 funcionários em 350 unidades pelo mundo. Entretanto, seu boom é recente: o grupo só se tornou um grande player no mercado global a partir de 2003, durante o Governo do ex-presidente Lula (PT), quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), passou a conceder empréstimos pesados e até se tornar seu sócio.
Parte dos recursos que entravam na JBS acabaram sendo usados para adquirir pequenos concorrentes e grandes também. Compraram por exemplo a Swift, a Tasman Group, a Smithfield Beef, a Five Rivers e a Seara. Atualmente, além da produção de carnes (bovina, suína, ovina e de aves), o grupo, controlado pela mesma família que o fundou, possui fábricas de celulose, biodiesel, um banco e uma emissora de televisão, o Canal Rural.

Rivais

Principais alvos da Operação Carne Fraca, a JBS e a BRF (antiga Brasil Foods) são rivais históricas na disputa pelo mercado doméstico de carnes e se destacaram como players globais com impulso da política das "campeãs nacionais" nos Governos petistas, que reforçava financiamento público via BNDES a setores considerados promissores. Dona das marcas concorrentes Sadia e Perdigão, a BRF emprega mais de 105.000 pessoas em sete países. Seara, Sadia e Perdigão possuem as mesmas categorias de produtos alimentícios (além das carnes, embutidos e derivados) e brigam pelo mesmo nicho de mercado. Por isso, as três marcas e a Friboi são também responsáveis pelas campanhas publicitárias milionárias —outra global, a jornalista Fátima Bernardes, a garota-propaganda da Seara, também não foi poupada da ira bem-humorada dos memes. Agora, as agências que atendem às marcas terão a difícil missão de reverter o estrago que investigação da PF causou na confiança das marcas (que tornaram-se trending topics no Twitter e Facebook e nas buscas do Google nesta sexta).
Ambas as marcas negam irregularidades.  Em nota, a JBS informou "não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação", e que "a JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias". Já a BRF informou que "assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores", afirma a empresa.

o que pesa contra cada frigorífico


BRF

A empresa se tornou alvo por irregularidades no frigorífico de Mineiros (GO), fabricante de carne de aves, e pelo envolvimento no esquema do seu gerente de Relações Institucionais, Roney Nogueira dos Santos, alvo de mandado de prisão preventiva. A ele foram atribuídos os crimes de corrupção, passiva e ativa, concussão, peculato, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação e adulteração de substância ou produtos alimentícios e lavagem de dinheiro.
O inquérito traz indícios — não muito claros — de que material impróprio foi utilizado na produção de alimentos da BRF. É citado especificamente um diálogo entre Santos e um fiscal do Ministério da Agricultura, em julho de 2016,  em que ele fala sobre “reprocessar” aproximadamente 700 quilos de mortadela considerada inadequada.
Diálogos interceptados pela PF também mostram o envolvimento de outro diretor da BRF — André Baldissera. Ele aparece conversando com um interlocutor identificado como Fabrício sobre a retenção de contêineres na Europa. Com base nos áudios, a investigação concluiu que as autoridades sanitárias da Europa haviam identificado no carregamento “traços de uma das variações da bactéria salmonella” e, por isso, havia vetado a entrada dos alimentos.
O que diz a BRF 
A empresa divulgou uma nota, ressaltando que “cumpre as normas” e tem “rigorosos processos e controles”. “A BRF informa que (…) está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”, diz o texto.
Mandados
Roney Nogueira dos Santos (gerente de Relações Institucionais e Governamentais): prisão preventiva
André Baldissera (diretor): prisão preventiva
José Roberto Pernomiam Rodrigues Júnior (vice-presidente): prisão preventiva
Luis Guaraná (funcionário): condução coercitiva
Sede da empresa: mandados de busca e apreensão
Unidade de Mineiros (GO): interdição 

Seara, da JBS

Flávio Evers Cassou, funcionário da Seara Alimentos, do grupo JBS, é acusado do crime de corrupção ativa por ter pago propina à chefe do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa) no Paraná e a dois fiscais agropecuários. Ele foi contratado pela empresa depois de dez anos como fiscal.
Em troca de produtos como cortes de carnes nobres e de frango, os funcionários públicos não fiscalizavam cargas da empresa, incluindo remessas à China e ao Chile.
O que diz a Seara
Por meio de nota, a JBS, dona da Seara, diz que “não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos”.  A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação e que a ação ocorreu em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e outra em Goiás. “A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e à comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”, diz a empresa.
Mandados:
Flávio Evers Cassou (funcionário): prisão preventiva
Sedes da empresa (duas no Paraná e uma em Goiás): busca e apreensão

Frigorífico Peccin

Os responsáveis pelo frigorífico Peccin, Idair Antonio Piccin, Nair Peccin e Normélio Peccin, além de José Eduardo Nogalli Gianetti, representante da empresa, são investigados por crimes contra a saúde pública e corrupção ativa. Os quatro foram presos preventivamente nesta sexta-feira e duas unidades do grupo, interditadas.
Interceptações telefônicas flagraram Piccin e sua mulher, Nair, combinando a compra de 2.000 quilos de carne de cabeça de porco para a fabricação de linguiças, prática que é proibida.
Em outra conversa interceptada, Idair Piccin e Normélio Peccin conversam sobre a reutilização de uma peça de presunto podre. Segundo as investigações, o frigorífico também pagava propina a fiscais agropecuários lotados no Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa) do Paraná.
O que diz a Peccin
Procurada, a empresa afirmou que não vai se pronunciar no momento.
Mandados:
Idair Antonio Piccin (sócio): prisão preventiva
Nair Peccin (sócia): prisão preventiva
Normélio Peccin Filho (sócio): prisão preventiva
José Eduardo Nogalli Gianetti (representante): prisão preventiva
Duas empresas do grupo (em Curitiba e Jaraguá do Sul (SC): interdição

Frigorífico Larissa

O frigorífico Larissa entrou na mira das investigações por causa do seu dono, Paulo Rogério Sposito, suspeito da prática dos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e adulteração e alteração de substância de produtos alimentícios.
A PF interceptou diálogos em que, segundo os autos, ele não “demonstra nenhuma surpresa” em ser informado sobre a troca de etiquetas de validade em carga de carnes de barriga, e com o uso de carnes vencidas há três para produção de outros alimentos.
Segundo o inquérito, Paulo, que foi candidato a deputado federal por São Paulo em 2010, é próximo de Daniel Gonçalves Filho, apontado pela PF como o chefe do esquema, a quem recorria quando precisava resolver algum problema na fiscalização de sua empresa. 
O que diz a Larissa
Procurada pela reportagem, não quis se pronunciar.
Mandados
Paulo Rogério Sposito (prisão preventiva)
Sede da empresa (busca e apreensão)


Alimentando o mundo, com o que há de pior. Pois carne estragada não há nenhum benefício, né Friboi 

Produtos químicos eram usados para 'maquiar' carnes vencidas


“Eles usavam ácidos e outros produtos químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento. Usam determinados produtos cancerígenos em alguns casos para poder maquiar as características físicas do produto estragado, o cheiro", disse Moscardi.
A PF, no entanto, não detalhou ainda em quais empresas foram encontradas estas irregularidades.
No caso da falta de proteína, o delegado explicou que havia substituição. "Foi trocada por fécula de mandioca ou proteína da soja, que é muito mais barata, mais fácil de substituir."
O delegado afirmou que nem mesmo os fiscais envolvidos, que costumavam ganhar carnes dos proprietários como benefício, estavam aguentando a má qualidade dos produtos. "Eles comentavam entre si que não estava mais dando para receber", disse.

Esquema
A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Segundo a PF, a Carne Fraca é a maior operação já realizada pela corporação. São 1,1 mil policiais cumprindo 309 mandados – 27 de prisão preventida, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão. As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e estão sendo cumpridas em São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
Em dois anos de investigação, detectou-se que funcionários de superintêndencias regionais de Paraná, Minas Gerais e Goiás recebiam propina para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Alguns dos funcionários foram detidos na operação nesta manhã.
Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a PF, de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.

CARNE ESTRAGADA TEM NOME, PEÇA FRIBOI 




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